O que acontece no Rio hoje, massacre no alemão mundialmente divulgado, é só um reflexo da divida social que os 10% dominantes tem com a parcela mais pobre da população os 90% - Da qual eu faço parte. O nosso sistema educacional falido, infraestrutura inexistente e saúde de quinto mundo são os alicerces que constroem a "favelização", destrutora de possibilidades. Vivemos em um estado que só chega até a população carente em forma de coronhadas e rajadas de fuzil, quando não se tem nem o que comer, e muito menos dinheiro pra comprar um caderno - Nem a própria escola existe, o crime passa a ser a melhor opção a seguir, ninguém nasceu pra carregar fuzil ou viver fugindo da polícia esse ódio é adquirido durante o crescimento do indivíduo, que tem o cérebro contaminado pela propaganda da TV - Afinal para sermos felizes temos que consumir o mais caro, segundo ela. Na periferia o traficante é o maior exemplo de ascensão social de muitas crianças.
Bandido ou não favelado/suburbano sofre repressão policial pois somos vistos como potenciais criminosos - Daí vem o ódio da polícia, o que não deixa de ser verdade; nosso governo não nos dá a chance que é nossa por direito de sermos livres das correntes escrativistas financeiras, livres da linha de produção que mata todo dia, não temos que agradecer o salário X recebido no final do mês ele é para que você não morra de fome e ter que ir no dia seguinte, vivemos amarrados numa verdadeira prisão invisível.
Não aplaudo o massacre no morro do alemão, tanto o ultimo televisionado - O que te fizeram aplaudir, como os vários outros que ocorrem todos os dias no breu das vielas, perto dos esgotos a céu aberto, dos lixões, das cenas de crise humanitária que não te mostram na novela. Massacre não é só a abertura de vários crânios com .50, quando centenas de milhões são jogados nos cantos das cidadelas e metrópoles, sem ter o que comer, sem ter informação, acesso a cultura, saúde decente e toda a assistência que um ser humano precisa, esse se torna o pior massacre; é o massacre do governo com o seu povo, não pode ser comparado com nenhum latrocínio feito pelo periférico, que queria comprar o tênis que a propaganda disse que ele só é gente se tiver um, ou dar uma roupa nova para os filhos, sair da sargenta e até mesmo se alimentar. Estes não são os inimigos da sociedade, os que tem seus delitos sensacionalizados nos jornais, que lhes fazem odiá-los, aplaudir a morte deles, e como somos 90% aplaudimos nosso próprio massacre, e pior nos auto massacramos; aqui e em qualquer lugar do mundo socialmente desigual vai haver violência, mas somos os únicos que comemoramos as mortes com o apresentador local, como se fosse um gol em final de copa.
A nossa situação de acentuada desigualdade, feita pelo "governo do faz de conta" - O escravista conivente com a barbárie de 1500, cria monstros e os matam para assegurarem seus interesses, para fazê-los pararem de matar.
